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Publicado: 24 Julho 2012
Pintura retratando a chegada dos primeiros imigrantes alemães ao Brasil, Rio Grande do Sul, 1824.
Em nosso município é feriado em 25 de Julho, regulamentado pela lei municipal nº 2.499, projeto de autoria do Vereador Hardy Lúcio Panke, de 10 de agosto de 1993. Além de comemorarmos São Cristóvão, padroeiro dos motoristas, lembramos em especial o dia da imigração alemã.
No dia 25 de julho de 1824, chegava ao Rio Grande do Sul a primeira leva de imigrantes alemães que se fixaram, por determinação do Império, junto ao Rio dos Sinos, na Real Feitoria do Linho e do Cânhamo, hoje São Leopoldo.
Estes imigrantes vinham em busca de uma vida melhor do que aquela que levavam em continente europeu. Lá grassava a miséria, a fome e a falta de terras. Outro aspecto que afetava profundamente a vida das famílias na Europa era o início da industrialização o que aumentava o número de desocupados. Os artesãos não tinham mais onde trabalhar. Convidados a virem morar no Brasil, despertou-lhes a esperança e a chance de possuir um pedaço de chão que pudessem chamar de seu, e nele produzir o alimento para o sustento da família, que geralmente era numerosa. Era um grande desafio, lançar-se em busca do melhor num espaço desconhecido.
Muitas são as correspondências que podemos encontrar sobre os imigrantes que aqui construíram suas vidas e ajudaram na construção de nosso Estado. Tiveram sim, grandes dificuldades, pois tudo era muito diferente do hemisfério norte de onde eram procedentes. Aqui por determinação imperial só podiam fazer uso de mão de obra familiar, e por esta razão quanto mais braços, mais podiam produzir. Os conhecimentos dos imigrantes nos diferentes ofícios foi embrião para que surgissem pequenas indústrias, que fizeram a diferença na economia no extremo sul do nosso país.
A Colônia de Santa Cruz, em 1849, inaugurou a segunda fase da imigração alemã em nosso Estado. Nas terras devolutas instalaram-se em 19 de dezembro os primeiros 12 imigrantes procedentes da Silésia e da Prússia, descendentes de germânicos. Outras levas foram chegando no decorrer dos anos e ocupando outras áreas como Rio Pardinho, Linha Travessa, Sinimbu, D. Josefa, Monte Alverne e tantas outras.
O trabalho não metia medo a essa gente, que enfrentava com muita fé todos os obstáculos e dificuldades que surgiam. Lendo a tradução de uma carta escrita em 16 de dezembro de 1851, pela imigrante Maria Elisabeth Bender, que veio morar na Picada Velha, na Colônia de Santa Cruz é possível perceber que ela fazia questão de informar seu filho Peter Bender, que havia permanecido em Horn, Província de Koblenz, de que estava bem em terras brasileiras. Ela escreve: "Graças a Deus estamos com saúde e trabalhando bastante. Agora já estamos na preparação da 2ª colheita neste ano, sem qualquer imposto devido ao governo."
Em outro trecho ela reforça o quanto os imigrantes já haviam progredido: "Atualmente nós temos uma carroça e cinco cavalos que para nós serve para ir a Rio Pardo buscar mercadorias, pois temos uma pequena casa comercial e uma hospedaria.
Aqui se ganha muito dinheiro, os trabalhadores diaristas são muito bem pagos, mas dos colonos, ninguém faz trabalhos diários, pois eles ganham mais fazendo em casa. Por isso, nós contratamos escravos livres para fazer os trabalhos."
Fala sobre os filhos aqui estabelecidos e reforça que "[...] todos possuem muitos animais, cada um tem dois cavalos, uma vaca, doze a quinze porcos e uma porção de galinhas."
Comenta também a falta de alguns tipos de profissionais na colônia: "Já fiz boas economias, e se o nosso alfaiate tivesse aqui, poderia ganhar bom dinheiro, pois atualmente não existem alfaiates por aqui."
Frau Bender ainda alerta que há possibilidades de eles virem também ao Brasil, pois Peter Kleudgen, agenciador de imigrantes organizaria novas levas. Na missiva ela declara: "Nós todos achamos melhor se vocês também viessem para cá. O senhor Kleudgen vai trazer mais imigrantes, e com este vocês podem seguir com toda a confiança, pois este homem não vai enganar vocês. No mês passado, ele trouxe muitos imigrantes para cá, e todos foram muito bem tratados. Nós conversamos com ele, e cada um dos irmãos quer ajudar no pagamento do transporte de vocês até aqui." Maria Elisabeth estava na Colônia de Santa Cruz com os filhos Georg, Ludwig e Daniel e suas famílias.
O dia 25 de Julho, em Santa Cruz do Sul e região é uma data festiva para lembrar aqueles que construíram e reconstruíram suas vidas neste chão nos legando valores culturais, religiosos, sociais baseados nos princípios do trabalho, da cooperação e da fé.
Professora Maria Luiza Rauber Schuster
Historiadora - Coordenadora do Museu do Colégio Mauá